TRANSCRIÇÃO
Entrevista
concedida por Tarcísio Mickosz à
equipe da Pesquisa Caminhos Históricos
de Curitiba: A Estrada do Assungui, na sede da Sociedade Cultural
Abranches no bairro Abranches, em Curitiba, no dia 13 de fevereiro de 2012.
LEGENDA: PE – Pesquisadores
TM – Tarcísio Mickosz
TM – Foi em 92
que teve um programa no SBT em
São Paulo, chamado Nações Unidas. Era uma gincana envolvendo
dezoito nacionalidades, ou seja, dezoito imigrações. Então, você pegava os
descendentes de até terceira geração de imigrantes, formava uma equipe e
disputava uma gincana. Era uma coisa assim, por exemplo: na Polônia existia o
jogo de Bolão. Na gincana, o jogo de Bolão eram os pinos, ou seja, as pessoas,
e a bola era na verdade uma pessoa que estava dentro dela, que era rolada numa
rampa. Outra festa tradicional na Polônia era a brincadeira da maçã. Eles
apanham maçã numa tina com água. Lá dentro do SBT a brincadeira era uma tina
enorme com as maçãs, e aí quatro pessoas tem uma corda com uma roldana
tinham que descer um quinto que estava amarrado, pra ele com a boca apanhar a
maçã e tirar de dentro daquela tina. Então foi um esquema que a gente
participou, só que na participação tinha que provar sua descendência. E aí
nesse processo que a gente foi descobrir que não tinha registro nenhum de
polonês, na verdade o único registro que tinha era um documento da entrada do
meu avô no Brasil. Ele era proveniente da Áustria. Ele saiu da Silésia, na
Polônia, e fugiu pelo norte da Alemanha, entrou na Áustria e veio para o
Brasil. E aí foi através do Consulado que eu consegui levar documentação, e a
família Mickosz realmente existe na Silésia até agora. Então, às vezes quando o
pessoal pergunta “você é descendente”, eu falo, “ó, legalmente não”. Quer
dizer, não é legalmente, só o documento do Consulado que comprova, mas a nível
de entrada no Brasil dos meus avós, é austríaco.
PE – Você esteve
na Polônia?
TM – Não. Eu não
estive, minha irmã já esteve, minha mãe está indo agora em maio pra lá. Eu
tinha interesse, porque meu objetivo é ir no máximo daqui há dois anos pra lá.
Eu tenho um sonho, conhecer a catedral de Sal que tem na Polônia, que é um
negócio que a gente conhece por fotos, internet. Mas é ir pessoalmente, porque
é uma coisa assim, marcante. Ela é toda subterrânea, ela é escavada numa mina
católica lá em baixo, dizem que é show de bola.
PE – Você tem
lembranças, vivências da cultura polonesa na família?
TM – Tenho,
porque o meu avô, não só meu avô. Vamos dizer, eu sou de uma família que meu
pai tinha dezoito irmãos, e meu pai era o caçula. Então a gente tem muitas
lembranças, o meu avô faleceu com 97 anos, e a gente lembra da minha avó
fazendo pierogi, uma série de coisas, meu avô contando as histórias de
quando ele veio da polônia pra cá. Ele falava muito o polonês, tanto é que uma
das coisas básicas ao chegar na casa do meu avô, era inaceitável se você não
fosse pedir a benção pra ele, mas em polonês. Então ele segurava bastante isso. Aí é
aquela história: na faixa dos quinze aos vinte e poucos anos, a gente perdeu um
pouco disso, a gente se afastou disso. Porque na época era uma coisa assim:
você falava que era imigrante ou descendente de imigrante, era meio complicado.
Depois que a gente procurou resgatar e foi até atrás da história mesmo, onde
nós participamos, onde muita gente aqui do bairro foi junto, porque na verdade
eram grupos de 90 pessoas que participavam, desde aqueles que iam participar do
programa até aqueles que iam participar do auditório, fazer parte da platéia.
Quem apresentava o programa era o Gugu Liberato, e era assim: era gravado numa
quarta feira de manhã, começava às 8:30 da manhã e terminava às 5:00 da tarde.
É aquele esquema de produção, o dia inteiro gravando para dar quarenta minutos
de programa no final. É aquele esquema: de repente você estava lá gravando, a
estrela maior, o Gugu, daqui a pouco ele saia, tinha os piripaques dele e você
tinha que ficar pronto dentro do auditório, um calor infernal, e como na época
todas as pessoas, porque eram gincanas de duas em duas nações, todas as
torcidas, todas as pessoas da platéia, assim como os participantes em si,
tinham que estar trajados tipicamente. A polônia é uma região extremamente
fria, os trajes típicos de lá são trajes quentes pra chuchu, e às vezes a gente
tinha que ficar suando naquele..., uns refletores em cima, mas era divertido.
Uma das coisas que ele gravou também foram meus três filhos, hoje eles estão
com 25 anos, dois com 25 e um com 23, na época, dois tinham 8 e o mais novo
tinha seis anos. Eles participaram trajados tipicamente e é uma coisa que
gravou. A gente tem as fotos, tem o filme da época do programa, e até hoje a
gente brinca com isso. A gincana durou quase um ano, mas nós tivemos três
participações, tinha que passar fases e nós não conseguimos passar da primeira
fase. O campeão geral na época ganhava um ônibus todo equipado, um negócio
legal. Mas a gente fez contatos, a gente disputou com a colônia de Nova Trento,
que era de Santa Catarina, os japoneses do interior do Paraná, Londrina,
Maringá, aquela região, e o pessoal espanhol, que eram do Rio de Janeiro. Eles
foram pegando por localizações. Tinha a colônia alemã, que veio parte de Santa
Catarina e parte do Rio Grande do Sul; os italianos, não sei o porque, eram de
Nova Trento, se a gente sabe que a maior parte da colonização italiana foi no
Rio Grande, mas foram as pessoas convidadas e que participaram. Nós, das 90
pessoas que participavam, tínhamos 70 pessoas no Paraná, aqui de Curitiba, e a
gente juntou a Sociedade Abranches com a Sociedade União Juventus, ambas de
descendência polonesa, e aí tinha um grupo de São Paulo, não sei porque, de
repente tinha uma comunidade pequena polonesa lá e participou junto. E acabamos
nos conhecendo lá dentro, não tínhamos contato nenhum na época, mas foi legal,
foi bacana mesmo.
PE – Vocês se
encontram para fazer um resgate de memória? Tiveram que pesquisar?
TM – Sim. Na
verdade, a gente teve que pesquisar muito. Primeiro, começamos a pesquisar: uma
em função do vestuário, porque você se vestia e lá no programa você era
questionado a respeito do vestuário que você estava, da região que era e
porque, se era um vestuário usado pelos nobres feudais, porque na época da
Polônia ainda era o feudalismo. O traje que eu usei na época era o traje de Contos.
Era uma região feudal que existia na Polônia, por volta do ano de 1450, e era
uma região extremamente fria. Então você usava aquelas calças largas, um
sobretudo, mais uma capa encima disso, eram coisas até bonitas de se ver.
PE – Gostaria
que o senhor dissesse seu nome e da sua história pessoal, como foi sua
participação como presidente da Sociedade Abranches, morador do bairro.
TM – Eu sou
Tarcisio Mickosz, nascido em 1959 no bairro do Abranches. Nasci próximo à hoje
Ópera de Arame, à meia quadra da Ópera de Arame. Me criei dentro do bairro
Abranches. Com seis anos de idade minha família mudou-se da Ópera de Arame e
fomos morar no que era chamado na época de “continuação da Mateus Leme”, ou
seja, prolongamento da Rua Mateus Leme, que muito mais tarde veio a se chamar
Rua Maria de Lourdes Mickosz, onde a gente
reside até hoje. Quando fomos morar nessa região, não tinha nem luz, a
estrada era um caminho de carroça, complicado. No início tivemos um choque,
você sair de uma região mais próxima do centro, que era ali perto da Ópera de
Arame, que tinha até energia elétrica e morar onde você dependia do lampião e
da querosene. Era uma área basicamente agrícola, que era a área do meu avô, a
chácara que o meu avô plantava, e aí meu pai construiu a casa lá e nós acabamos
indo pra lá, onde a gente reside até hoje. Fui criado dentro do bairro do Abranches
e estudava aqui nos colégios do bairro, estudei aqui no colégio das freiras no
início, depois passei para um colégio estadual, que leva o nome até hoje de
Sebastião Saporski. Vindo a conhecer a Sociedade Abranches com mais afinco na
década de 1972, quando comecei a frequentar a Sociedade, na época os saraus de
domingo à tarde, culminando com a minha entrada na diretoria da Sociedade
Abranches em 1982, aonde o Gilberto da Silva assumiu como presidente e eu
entrei junto com ele na chapa sendo orador da Sociedade. Na diretoria do
Gilberto ainda de orador passei a secretário, depois nós tivemos uma nova
diretoria, que era do Arcedíneo Félix Goulin, na primeira gestão dele eu era o
secretário geral e na segunda gestão eu fui o vice-presidente, vindo a assumir a
Sociedade Abranches em 1989 como presidente. De 89 até 2011, a gente rodou de presidente
a vice-presidente, ficamos dois anos afastados, voltamos de novo, mas nesse
período todo a gente somou quase 27 anos de diretoria da Sociedade.
PE – Resgatando
também um pouco da sua história pessoal, se puder contar também sobre a sua
família no processo de imigração, no processo de ocupação aqui da Colônia
Abranches.
TM – O Abranches
até 1975 era conhecido como Colônia do Abranches, não existia a denominação
bairro do Abranches, mas sim colônia do Abranches. Se olhar até mesmo nas
minhas matrículas da época do primeiro grau, você tinha o teu endereço e o
bairro constava como Colônia do Abranches. A família do meu avô, a família Mickosz,
veio para cá na região do Abranches em 1892, na segunda migração polonesa que
veio pra Curitiba. Eles se fixaram no bairro do Abranches através de uma
determinação do interventor do Estado, Manoel Ribas. A gente sabe da história
que, quando eles chegaram no Porto de São Francisco foi determinada uma área
para eles no Estado do Paraná, mas era uma área próxima a Cerro Azul. Como o
Abranches, que era um militar, um conselheiro do interventor da Província do
Paraná, ele foi até o Manoel Ribas e explicou que o pessoal que estava chegando
da Europa era de uma região extremamente fria, onde nevava muito, e Cerro Azul
era uma região extremamente quente, e existia uma tendência muito grande de as
pessoas não suportarem o calor e inclusive terem problemas de saúde sérios e
que não seria conveniente mandá-los pra lá. Aí que o interventor do Estado,
Manoel Ribas, determinou que essa área onde nós estamos hoje do Abranches fosse
destinada aos imigrantes. Em homenagem à ele, eles usaram o nome Colônia do
Abranches, que era a pessoa do Abranches, que foi quem conseguiu intervir junto
ao então governador para que ficassem aqui em Curitiba. Meu avô primeiramente
acabou ficando na continuação da Mateus Leme, que era o prolongamento da rua
Mateus Leme, aonde ele edificou a sua casa, aonde ele tinha uma chácara. Ele
era verdureiro, plantava verduras, ele saia com a carroça de manhã levando até
o Largo da Ordem pra trocar o que ele produzia, que eram as verduras, ovos,
frango, porcos, essas coisas ele tinha na chácara, o queijo, a nata, e ia até o
Largo da Ordem pra trocar por sal e outros gêneros alimentícios que ele não
tinha. Ele morou no prolongamento da Mateus Leme até 1968, aonde ele construiu
depois uma casa menor, exatamente em frente à Igreja do Abranches. Essa casa
existe até hoje, ela está em péssimo estado de conservação. Uma prima minha que
mora ali, uma casa bem antiga, de madeira, mas foi ali que meu avô terminou
seus dias, vindo a falecer com 96 anos de idade.
PE – Chegamos a
fotografar a casa. A casinha com o telhado cedendo?
TM – Isso, bem
na frente da Igreja. É aquela casa do lado do posto de saúde.
PE – É quase a
única casa antiga que sobrou ali.
TM – Na verdade,
é o seguinte, você tem a de madeira, conforme os poloneses fizeram as primeiras
casas, é única, mas tem uma outra casa que também é remanescente dessa época,
que é a casa paroquial, não aonde vive o padre, mas ao lado, aonde foi a
primeira residência do padre, onde foram realizadas as primeiras missas. Então,
hoje a Paróquia do Abranches mantêm aquilo ali conservado, em ótimo estado de
conservação. Então são algumas casas antigas. A casa que era do meu avô na
chácara era uma casa construída nos padrões da época. Se não era em madeira,
era feita em tijolos de barro, tanto é que se você observar a própria Sociedade
Abranches, existem paredes aqui hoje que não tem cimento, não tem cal, não tem
viga de concreto, nada. Elas eram paredes com quase um metro de espessura,
construídas somente de tijolos e barro. A casa que pertenceu ao meu avô, fazem uns
cinco anos que foi desmanchada, a pessoa que comprou construiu uma nova casa no
local, da qual eu moro quase na frente da onde ela era antigamente. São coisas
que ficaram gravadas na memória da gente.
PE – E o
endereço seu, qual é?
TM – Hoje é
Maria de Lourdes Mickoz, número 465, antigo prolongamento da Mateus Leme.
PE – Você lembra
da citação “Estrada do Assungui”, ou “Caminho do Assungui”, ou alguma coisa
assim?
TM – Eu lembro
alguma coisa, quando eu fazia primário na época, que eu comecei estudando no
colégio das Irmãs aqui no Abranches, e quando a gente mudou-se lá pro
prolongamento da Mateus Leme, eu fui estudar no colégio Sebastião Saporski
aonde se ouvia esse termo, “estrada do Assungui” ou “caminhos do Assungui”.
Eles eram feitos por onde hoje passa o bairro do Taboão, mas na década de 60,
se abriu uma nova rua, que é a Rodovia dos Minérios, que na época era conhecida
como a “estratégica”. Então esse termo a gente lembra até hoje. A “rodovia
estratégica”. Depois a gente foi descobrir que ela era estratégica porque
reduzia em muito a distância Curitiba – Cerro Azul, ela perdia todas aquelas
curvas que você tem na parte que era agrícola, colônia, em Tamandaré, e
passando quase em linha reta Curitiba – Tamandaré – Rio Branco do Sul e Cerro
Azul. Mas a gente lembra dessa terminologia sim.
PE – Gostaríamos
de saber o que você pode nos contar sobre a Ponte Taboão.
TM – Pois é, a
ponte do Taboão, ou o bairro do Taboão como veio a se chamar, as pessoas que
vinham não só de Cerro Azul, mas as pessoas que moravam na Gabriela, que faz
parte de Almirante Tamandaré, que era a Colônia Gabriela, quem morava em Juruqui,
Lamenha Grande, São Miguel, que eram regiões extremamente agrícolas, hoje elas
estão bastante povoadas, mas na minha época de garoto aquilo lá eram só
chácaras com plantações, esse pessoal tinha como caminho passar pela estrada do
Assungui, e eles cruzavam o Rio Barigui ali na divisa entre Curitiba e
Almirante Tamandaré. As pessoas que vinham principalmente para a missa ou iriam
para o centro, para não ter que passar por dentro do rio, não se sujar ou não
se molhar, se reuniram e colocaram duas tábuas enormes de pinheiros, na época
eram tábuas grossas e bastante largas, usadas para passar sobre o rio. Então, o
pessoal perguntava: “por onde você veio?” e as pessoas respondiam: “vim pelo Taboão”,
que era tábua grande, que se passava sobre o rio sem se molhar. E acabou
mantendo-se o termo Taboão, que virou hoje inclusive uma denominação de bairro.
PE – Aquela
citação que você fez do cartório que se chama Taboão. Eu já me perguntei se em
algum momento essa localização chamada Taboão não foi grande a tal ponto de ela
se confundir até o Centro Cívico.
TM – Sim, porque
na verdade você tinha o próprio ônibus Taboão – Cemitério Água Verde. Quando
tinha essa linha de ônibus que começava lá na frente do cemitério Água Verde,
ela vinha até mais ou menos até o hoje conjunto Castelo de Verona, na Mateus
Leme, que ainda faz parte, basicamente, do Centro Cívico, e o pessoal usava
como bairro Taboão. Então, a denominação Taboão ficou muito extensa. Então você
tinha a linha de ônibus Taboão, você tinha o cartório do Taboão, que ficava na
Mateus Leme, muito próximo ao Centro Cívico, e isso foi se avolumando de tal
forma que é até difícil de você estabelecer quais são os limites do que era o
Taboão antigamente.
PE – Agora
puxando um pouco pra Sociedade Abranches. O que a gente tem de elementos arquitetônicos
ou instituições que eram da Colônia: a paróquia, o cemitério, o colégio
Vicentino...
TM – Sim, o
colégio das Irmãs...
PE – E a
Sociedade Abranches.
TM – Sim, são os
grandes marcos que ficaram. Na verdade nós tínhamos ainda dentro desse contexto
que é hoje a Rua Mateus Leme, nós tínhamos os curtumes, a fábrica de cola, por
exemplo, onde hoje é o Parque São Lourenço, era um curtume ali, que funcionou
até, acredito que ate o início dos anos 70, quando no período de chuvas muito
fortes, a barragem do lago que era utilizado inclusive pra tocar as máquinas,
que eram todas hidráulicas, movidas à energia da água, através das rodas de
água que faziam isso, veio a romper-se e acabou levando grande parte do curtume,
da própria fábrica de cola, destruindo boa parte do que era a parte industrial
do bairro [São Lourenço]. O curtume é hoje o Centro de Criatividade do Parque
São Lourenço, pouca coisa restou realmente do que era, só algumas chaminés ali
atrás e poucas paredes, porque isso tudo levado em função das chuvas. Não vou
precisar se foi 71, mas foi nesse período, no início dos anos 70. Então, o que
realmente ficou do bairro [Abranches], de coisas mais antigas, são: a Paróquia
do Abranches, que é a edificação mais antiga, o Colégio Vicentino, que já
passou por algumas reformas porque ele já passou por dois grandes incêndios, um
em 65 e outro, se não me engano, foi em 72, o Colégio Vicentino na época
trabalhava com alunos internos. E a Sociedade Abranches. A Sociedade Abranches
foi fundada em 1910, no dia 14 de agosto de 1910, e tem uma peculiaridade: ela
foi fundada por um padre. O padre Ludovico Bronny, após uma missa, uma
domingueira das 10 da manhã, estava se despedindo dos fiéis que estavam na
missa, quando viu algumas carroças passando, com algumas pessoas usando trajes
de gala no domingo, e ele falou: “o pessoal está indo lá pra Sociedade São
Miguel”. São Miguel na verdade, hoje é uma capela pertencente à Paróquia do
Abranches, mas que fica no município de Almirante Tamandaré, que é uma região
totalmente agrícola e eles já tinham uma Sociedade, eles já tinham um local
aonde as pessoas, que também são imigrantes poloneses, aproveitavam pra fazer
os saraus dançantes, as peças teatrais e tudo isso. E o padre cobrou das
pessoas que estavam ali e disse: “olha, o pessoal do São Miguel já tem a
Sociedade deles, e o Abranches aqui, a Paróquia, não tem nada”. E a partir
dessa conversa, a partir desse incentivo, se reuniu no mesmo momento, embaixo
de uma aroeira, a gente acha até me atas, pena que estão escritas em polonês, porque
até 1936 todas as atas eram escritas em polonês. O pessoal se reuniu e decidiu fundar uma
Sociedade pra que as pessoas pudessem se reunir. No início, a Sociedade tinha
como objetivo maior, primeiro, assistência a todos os imigrantes, uma vez que,
na época não tinha previdência social, não tinha órgão nenhum que desse esse
tipo de assistência. Então a Sociedade criou um fundo de caixa, todas as
Sociedades nas épocas antigas tinham um fundo de caixa, inclusive com
auxílio-doença, auxílio-funeral para os associados e ela fazia uma espécie de
compensação pra famílias, de repente pra alguma pessoa que ficasse debilitada
de saúde e não pudesse trabalhar, mas que ela pudesse buscar recursos pra ter o
seu sustento e de sua família. Então, você tinha um caixa financeiro que supria
essas necessidades. Com isso, depois criaram-se as grandes festas, ensaios de
teatro, no início todas eram religiosas, os temas eram religiosos: ensaios da
paixão de Cristo, da última Ceia, uma série de coisas, e com isso, o pessoal
foi avolumando. Criou-se bem mais tarde, na década de 1936, um grêmio feminino,
que era intitulado Grêmio Jasmim, que pertencia à Sociedade Abranches. Depois,
na Sociedade foi criado um time de futebol, que disputou inclusive, a segunda
divisão, que era o time do Abranches Esporte Clube. E nessa época, a
arrecadação não era por conta só das mensalidades. Tinha-se os chamados
festivais. Então criava-se um domingo esportivo aonde a venda de bebida,
churrasco, essas coisas, era revertida para o próprio Clube. Então eram as
fontes de renda da época.
PE – Você comentou
dessa questão religiosa e isso me lembra as origens polonesas que são
extremamente católicas. Essa presença religiosa ainda é viva no bairro?
TM – É bastante
forte porque se você for fazer uma análise da própria região nossa aqui, você
vai ver que agora, nos últimos 10 anos é que começou, pelo menos na nossa
região, ou seja, a região do Abranches, ou seja, o entorno da Rua Mateus Leme,
antiga estrada do Assungui, a pouco tempo é que começou a se criar loteamentos,
condomínios fechados. Por muito tempo se manteve os terrenos dentro das
próprias famílias. E como essas famílias vinham de uma tradição católica muito
forte, estavam ligadas à igreja. Então, se você vai domingo numa missa, você vai
ver que todas as famílias tradicionais do bairro estarão presentes lá. Não só
as gerações mais velhas, que seriam nossos avós, pais, mas também nossos
filhos, netos, hoje eles também frequentam. Então se mantém esse elo muito
forte, porque se você pegar a nossa região, voltando a falar, você vai ver que
são poucas as famílias que se desfizeram das áreas, permitindo que outras
pessoas viessem morar pra cá. Então você vê ainda com grande intensidade áreas
grandes, ou até mesmo algumas que foram divididas, mas elas ficaram dentro da
própria família. Então você acha lá, de repente, família Kowalsky, todo mundo
morando próximo, família Kucaniz, todos morando próximos, a família Mickosz, a
famíla Franco. É isso com que faz com que o Abranches ainda mantenha muito
forte a sua tradição.
PE – Agora
puxando uma história associada um pouco à questão religiosa, que é aquela lenda
em Curitiba da loira fantasma. Você sabe alguma coisa dessa história?
TM – Sei. Toda a
história. Você quer a lenda ou a realidade?
PE – As duas.
TM – A lenda é
que, em 1974, começou a aparecer uma loira que apanhava um táxi, pedia pra tocar
até o cemitério do Abranches e quando o motorista parava em frente ao
cemitério, essa loira sumia. E isso foi investigado com muita intensidade, e
acabou virando lenda, como tantas outras lendas que aparecem. Dalton Trevisan
também criou uma série de lendas em Curitiba, lendas urbanas. Mas da loira
fantasma tem a outra história que depois de alguns anos tentou-se desmistificar
a loira fantasma, mas as pessoas acharam melhor deixar quieto e não saber. Mas
a verdadeira história é que a loira fantasma chamava-se Margarete, ela não era
fantasma. Era viva, e muito viva. Era uma loira descendente de polaco com
alemão, realmente era muito bonita. Se ela estivesse viva até hoje, pois fazem oito
anos que ela faleceu, ela hoje estaria com 62 anos de idade. Mas, na época, ela
era prostituta na Rua Riachuelo e apanhava o táxi quando perdia o último ônibus,
que era onze e meia que saía da Praça Tiradentes. E aí para não voltar a pé,
ela apanhava um táxi, e para não pagar o táxi, ela pedia pra parar em frente ao
cemitério. Como o portão do cemitério naquela época ninguém fechava, ficava
aberto, era só encostado, um portão de ferro que existe até hoje, a hora que o
motorista passava ela descia correndo e se embrenhava no meio dos túmulos.
Pulava o muro do outro lado e ía mais duas quadras até chegar na sua casa, sem
pagar. Essa é a verdadeira história da Margarete, que veio a falecer há oito
anos. Nos últimos anos ela estava morando na Vila Nori, não era mais moradora
do Abranches. Mas ela morava na época [que a lenda surgiu] exatamente ao lado
de onde é hoje o Colégio Estadual Sebastião Saporski, na rua Maria de Lourdes
Mikcosz.
PE – Mas ela
chegou a relatar isso?
TM – Sim, ela relatava
aos risos. Mas isso ela veio relatar quinze anos depois. Ela relatava com uma
riqueza de detalhes tão forte, aonde depois a própria mãe dela confirmou, a
prima dela que estava uma vez junto com ela no táxi também confirmou, com
riquezas de detalhes que fizeram com que as pessoas daqui saibam quem é, mas a
lenda urbana mantém-se aí, tanto é que na época, quando a globo veio fazer o
segundo ou o terceiro especial sobre a loira fantasma, foi explicada a situação
real, com várias pessoas, e eles preferiram deixar a lenda como está, do que trazer
a realidade. Por isso falei que existe a lenda, que é da loira fantasma, mas
existe também o outro lado que é o lado real, e a maioria das pessoas aqui no
bairro chegaram a conhecer ela.
PE – A história
real da Margarete...
TM – Tanto é que
ela já era casada, separada, a filha dela hoje reside em Cascavel. Mas a
filha renegou a mãe até o dia do próprio enterro da mãe, ela falou que não
vinha. Ela sempre falou que mãe mesmo foi a avó que a criou, porque nesse
período a menina Daniele deveria ter uns cinco, seis anos de idade, e era a avó
quem criava enquanto a mãe ficava trabalhando, participando da vida noturna e
deixou totalmente abandonada a filha. Então hoje a filha formou-se, é dentista,
tem o consultório dela. A gente viu quando a avó dela faleceu, a Dona Elvira
faleceu após a Margarete, que era a mãe dela, então no sepultamento da Dona
Elvira, que era uma pessoa também muito conhecida no bairro, a Daniele veio e a
gente teve oportunidade de conversar com ela, perguntou-se alguma coisa e ela
disse “não, a minha mãe é a que morreu ontem. Aquela que morreu há uns dois
anos atrás eu não conheço, não sei quem era”. Negou até o último porque não
tinha ligação com a própria mãe. Mas infelizmente é a realidade,
desmistifica-se quem quer ou mantém-se o mito e a lenda.
PE – Eu tenho
uma pergunta mais de contemporaneidade, sobre a Sociedade Abranches. Quando eu
coloco na internet a Sociedade Abranches, a principal coisa que aparece é o
sarau de domingo, que chamam de “Abranchão”. Como está a Sociedade hoje?
TM – A Sociedade
Abranches foi criada com o objetivo maior de dar aquele suporte para as
famílias, mas como todo clube de bairro, com o tempo ele veio enfraquecendo,
veio decaindo, e em 1964, 65,
a diretoria criou o chamado Sarau de Domingo à tarde. E
isso foi por mais de 40 anos extremamente famoso em Curitiba toda. Se você
pegar o pessoal mais antigo, é raro quem não conheceu o Abranchão, quem não
veio no Abranchão, mas como tudo o que é bom, com o tempo também passa. E a
geração de hoje não é de frequentar clube, não é de frequentar ambiente
fechado, é uma geração mais de balada, de barzinho. Tanto é que hoje o
Abranches não faz mais o Sarau de Domingo, parou, mas por quarenta anos e
poucos anos foi o que manteve, foi a grande fonte de renda do Abranches foi o “Sarauzão”,
o “Domingão”, o “Abranchão” e tantos outros termos que foram usados na época,
“a melhor domingueira de Curitiba”, “vou no Abrancheira”. Ainda tem as
comunidades na internet, Abrancheira, Abranchão, se você procurar você acha
várias comunidades. Só que é tudo um pessoal de outra geração, hoje com trinta
e poucos de idade, que mantém essas comunidades, mais por contato e por
lembrar. Mas foi um período gostoso aonde a maioria das pessoas acabaram
casando no sarau. Inúmeras pessoas que vinham e se conheciam no sarau de
domingo à noite, acabavam namorando e se casando, e alguns casando até dentro
do próprio salão, que é o meu caso. A minha desposa eu conheci aqui dentro num
sarau, foi no ano novo de 1986, e de repente a gente começou a namorar, dois
anos depois casamos e o jantar e o baile de casamento foi realizado dentro da
Sociedade, dentro do salão, e isso era comum na época, muita gente fez isso. Realmente
foi um período muito intenso onde você tinha a reunião das famílias e era uma
coisa muito gostosa. Na verdade, se você analisar hoje, a maioria dos clubes
menores, ou já terminaram ou estão nesse processo de finalização, como é o caso
do Portão, que era a Sociedade do Portão, o próprio Literário que agora está em
fase final e tantos outros. Na nossa própria região nós tínhamos o Barriqueiros
na Anita Garibaldi, o Cabralzinho atrás do cemitério Municipal. Todos esses já
foram.
PE – Você tem
uma relação com a Rua Maria de Lourdes Mickosz, nos conta um pouco sobre isso.
TM – Ela não é
um trecho grande, ela inicia na Desembargador José Carlos Ribeiro Ribas, que é
onde termina a Mateus Leme, e duas quadras após, que é na Eugênio Flor, ela
encerra-se. Pelo projeto inicial, quando foi apresentado pelo então Vereador
Lauro Carvalho Chaves na Câmara Municipal de Curitiba, ela deveria iniciar na
Desembargador e terminar exatamente na Ponte do Taboão. Porque se você analisar
geograficamente a Eugênio Flor, é uma rua que desce e vira a noventa graus para
a esquerda. E a Maria de Lourdes, que seria o correto ir até a ponte do Taboão,
como se fosse a continuação da Mateus Leme, de repente ela encerrou-se na
Eugênio Flor. E a Eugênio Flor continuou, vem num sentido, quebra à esquerda e vai
até a Ponte do Taboão. Então o projeto inicial foi esse, depois não sei o que
houve, ela [a Rua Maria de Lourdes Mickosz] ficou somente com essas duas quadras,
ela vem da Desembargador até a Eugenio Flor, Clotário Portugal no outro lado da
rua. Mas a relação que a gente tem com a Maria de Lourdes é que a Maria de
Lourdes Mickosz foi minha irmã, era uma jovem que faleceu com dezoito anos de
idade, exatamente sete dias após completar seus dezoito anos de idade, em 1973,
aonde foi o primeiro erro médico realmente constatado e documentado de
Curitiba. Ela foi fazer uma cirurgia de amígdalas e houve o erro por parte do
médico, que acabou criando uma complicação maior na garganta e ela veio a
falecer em função disso. Ou seja, após a cirurgia, ela não conseguia mais se
alimentar, ela não falou mais e ela veio a falecer exatamente sete dias após. Como
o vereador da época, o Lauro Carvalho, era amigo pessoal do meu pai, amigo da
nossa família, ele fez essa homenagem a ela, denominando o que até então era
conhecido como prolongamento da Mateus Leme, porque quando nós fomos morar
naquela região e até 1976, quando houve o projeto e saiu o nome da rua, qualquer
documentação que você preenchia, o nosso endereço sempre era prolongamento da
Mateus Leme e o número, aí é que veio a ser denominada Rua Maria de Lourdes
Mickosz.
PE – Então até
1976 ainda tinha essa indefinição com o nome...
TM – Sim, era
prolongamento da Mateus Leme. E até 1987, a Rua Vereador Vladislau Bugalski, que é em Almirante Tamandaré,
era Mateus Leme. Então tinha a continuação da estrada do Assungui, só que era
em outro município. Era assim: Mateus Leme ia até a Desembargador, da
Desembargador até a ponte do Taboão era Prolongamento da Mateus Leme e após a
Ponte ela vinha a ser Mateus Leme de novo, só que daí no município de Almirante
Tamandaré. Ela ía como Mateus Leme até sair de novo na Rodovia dos Minérios em Almirante Tamandaré. Em
1987 ela recebeu a denominação de Vereador Vladislau Bugalski. Tanto é que você
tinha empresas, como por exemplo, “Lajes Mateus Leme” lá em cima, já na entrada
do São Miguel, que era na Rua Mateus Leme cinco mil e alguma coisa. Então
existia muita confusão nessa época porque você tinha Mateus Leme em Curitiba, a
continuação dela e depois da ponte voltava a ser Mateus Leme, só que no
município de Almirante Tamandaré. Então, existiam até alguns problemas em
função de endereços por causa disso. Porque, basicamente, ela era a mesma rua,
só que em municípios diferentes, e tinha intercaladas aí duas ruas, que eram a
Maria de Lourdes e a Eugênio Flor até a ponte, e depois Mateus Leme novamente.
PE – Quando eu
vejo os mapas antigos, eu vejo a colônia do Pilarzinho bem grande do lado
esquerdo da Mateus Leme, e a colônia do Abranches era sempre uma tripinha
pequena...
TM – Sim, a colônia
do Abranches sempre foi uma tripinha e hoje ela é menor do que era na época. Veja
que do Abranches hoje se criou o São Lourenço e o Taboão, então aquela tripinha
que era o Abranches hoje foi dividida em três. É lógico que, dividiram em três
e acrescentou-se um pouquinho, o que a gente chamava antigamente de Vila Diana,
que é aqui pra trás. Então a Vila Diana, que fazia junção com a Barreirinha, juntou-se
com o Abranches, e na parte de baixo ficou o bairro São Lourenço, que pegou uma
parte do antigo Taboão, que era ali no Castelo Verona e vem até o parque. O
Abranches é só o lado direito da Mateus Leme, aí se você pegar a Mateus Leme
até a Ópera de Arame é Taboão, mas ai já é Pilarzinho e o Taboão formou uma
tripa indo em direção à Ponte do Taboão. Então ficou uma divisão bastante
estranha.
PE –
Geograficamente, temos ali um divisor de águas. A rua em que termina a Mateus
Leme e começa a Maria de Lourdes é um divisor de águas: Bacia do Belém e dali
pra lá é a Bacia do Barigui.
TM – Sim,
exatamente.
PE – Então quer
dizer que a Colônia teve uma paróquia, por exemplo, que foi colocada no alto.
TM – No alto. E
a tendência é no centro. Se você pegar a Igreja da Barreirinha, ela está na
parte mais alta e exatamente no centro. Se pegar o Estribo Ahu, a Igreja do
Medianeira que faz parte do Ahú, ela está no ponto alto e no centro. O
Abranches na época era basicamente isso: no alto e no centro. Só que hoje
deslocou-se isso: a parte do Taboão ficou com a Bacia Barigui e a parte do
Abranches ficou com a Bacia do Belém e ficou uma coisa meio estranha.
PE – Tem mais
uma coisa que eu gostaria de lembrar: qual foi o segundo ciclo de imigração, o
Abranches ou o Pilarzinho?
TM – O segundo
ciclo de imigração foi o Abranches. O primeiro foi o Pilarzinho, o segundo o
Abranches, o terceiro o Barreirinha, o quarto Colônia Murici. Depois vieram alguns
ciclos menores que pegou Araucária e aí, pouca gente foi para a região de
Prudentópolis, Dorizon, porque grande parte do pessoal que entra essa fase
Dorizon, Malé, Paulo Frontinho, deixa eu lembrar outras regiões polonesas...ali
não, são ucranianas. A Ucrânia era um país totalmente independente fora da
Polônia. Tanto é que se você chamar um ucraniano de polonês, ele vai te xingar.
Os pratos típicos são basicamente os mesmos. Só que, por exemplo: o polonês tem
o Pierógi, o ucraniano tem o Pierogê. Se escreve exatamente igual, só tem um
acento circunflexo no final, Pierogê do ucraniano, o Pierógi é polonês. Então é
isso, se você pegasse os bem antigos, ele usavam uma expressão chula e até
mesmo de xingamento você chamar de polaco. Não sei se você já conseguiu ver
isso aqui na história, mas o termo polaco para alguns imigrantes era um termo
pejorativo. Porque, na verdade, é seguinte: quando o polonês veio para o
Brasil, ele não falava a língua, não tinha ninguém para interagir, ele ficou
isolado com a família dele em alguns pontos, ele veio de uma região que era
muito fria, aonde eles tomavam vodka pra poder suportar o frio como até hoje na
Rússia e tantas outros países da região do leste europeu que usam da vodka e
outras bebidas alcoólicas pra suportar o frio. O polaco veio pra cá e descobriu
a cachaça. E aí começou aquela história. Aqui a região não era tão fria quanto
lá, era fria, mas não tanto. Nós não tínhamos neve, eles vieram de uma região
com neve. Então ele tomava a cachaça aqui, mas ele não tinha a mesma
resistência do corpo que ele teria lá. Automaticamente, uma boa parcela virou
alcoólatra. Aí começou-se a usar aquela expressão de que todo polaco era
bêbado. Ele bebia, caía e tal, e pra alguns a expressão polaco era diretamente
ligada ao consumo de cachaça, ou seja, ao bêbado. Então, até pouco tempo atrás,
se chamasse algumas pessoas, eu tive um caso bem típico: por exemplo, pra mim,
polaco sempre foi uma forma carinhosa de expressão. Mas um dia numa brincadeira
com um senhor de idade, fui chamá-lo de polaco e quase apanhei dele. Aí a gente
foi procurar saber o porque se usaram esses termos: uma era o problema da
cachaça e o outro, existia algumas pessoas que usaram uma relação que teve na
segunda guerra mundial, quando houve a invasão da Polônia, não sei se foi em Gdańsk exatamente, aonde os poloneses
ficaram sitiados pelos alemães por mais de trinta dias e acabou a comida. E os
alemães negociaram a rendição deles oferecendo pão. As pessoas se renderam, mas
foram fuziladas. A segunda Guerra Mundial era isso. E algumas pessoas levaram
isso, que o polonês foi aquele que deu a vida sem trocar por nada, e o polaco
foi aquele que trocou a vida dele por um pedaço de pão. Mas isso são coisas que
se criaram, tipo lendas, e foram
associadas: “os caras lá se entregaram”, mas de repente você vai analisar pela
história, eles ficaram sitiados trinta dias e foi ofertado alimentação em troca
da rendição. Ninguém sabia o que acontecia, ninguém estava lá pra poder
presenciar isso. Então, algumas expressões que você pega, que algumas pessoas
consideram grotescas, seriam essas, é o termo polaco. Mas a geração de hoje
leva na esportiva e usa o polaco como uma forma carinhosa de expressão. Mas
houveram períodos que realmente era complicado.
PE – Nas
histórias mais antigas, os imigrantes eram maltratados, não é?
TM – Se você
analisar todos os imigrantes que vieram pro Brasil, todos sem exceção, foram
escravos. De uma forma ou de outra eles eram explorados aqui. Por exemplo, a
imigração ucraniana veio após a segunda guerra. Todos eles vieram pra trabalhar
em fazendas no interior de São Paulo, interior de Minas, interior do Paraná e
vieram pra ser escravos. Esses relatos a gente pega de pessoas mais antigas:
que eles trabalhavam o mês inteiro, aí chegava no final do mês, eles iam fazer
o acerto e o dono da fazenda dizia “nós temos que descontar o aluguel, eu
forneci arroz, feijão, sal, açúcar, você ainda está me devendo tanto”. Então
eles trabalhavam e na hora de receber salário eles ficavam devendo. Isso é uma
forma de escravidão que até hoje no nordeste existe, mas que todos os
imigrantes passaram. Então, aquele história de que o imigrante veio pra cá para
colonizar, é papo furado. Todo imigrante veio pra cá pra servir de mão de obra
escrava. A primeira imigração que veio pro Brasil, foram os italianos, pra
substituir os negros na abolição. Mas eles vieram pra que? Pra serem escravos,
colher café, fazer uma série de coisas, trabalho mais pesado e trabalhavam
dessa forma. Dormiam nas senzalas. Eles só não eram acorrentados, mas eles
trabalhavam em função daquilo que eles iam comer e beber durante o mês porque
os proprietários das fazendas faziam essas jogadas. Começaram a se dar bem as
pessoas que fugiram das tais fazendas e começaram a moldar suas próprias
estruturas. Então se você pegar a história da imigração italiana no Paraná, os
primeiros, a maioria, vieram fugidos das fazendas do interior de São Paulo e
vieram para a região de Santa Felicidade, Colombo, se esconder e tentar
sobreviver com a família. Começaram com agricultura e criaram a estrutura que
tem hoje. Mas, vieram como escravos, como o polaco veio. O polonês, ao chegar
no Brasil, recebeu uma enxada, um machado, poucas ferramentas pra agricultura e
foram jogados em uma região onde era mata nativa. A mortalidade que houve na
época foi muito intensa.
PE – E o caminho
pra chegar da Colônia até o centro, tinha que ser aberto por eles...
TM – Eram as
chamadas picadas, segundo os termos que eles usavam. Eu lembro do meu avô
comentando que, quando ele ia para o centro, o termo usado era esse. Hoje fica
até estranho. Mas quando ele ia pra cidade levar os ovos e tal, ele saia cedo
pra ver se conseguia voltar antes do pôr do sol. O meu avô contava pra nós que
o termo que eles usavam era esse: “eles iam pra cidade”. Ele saía aqui da
colônia Abranches na carrocinha dele, puxada por dois cavalos. Ele ia até onde
hoje é o Largo da Ordem, que tinha um bebedouro onde eles deixavam os cavalos
para tomar água, e iam fazer a comercialização deles, se não me engano, na Casa
Vermelha. Acho que eram três ou quatro comércios fortes que haviam naquela
região ali. Um, que ele falava, era a Casa Vermelha, que a gente lembra de
moleque. Tinha mais duas que eles sempre comentava. E ele perdia um dia,
basicamente, porque ele saia pela manhã, pelas picadas, que eram estradas
abertas por eles mesmos. Quando chovia era um barro só. Eles saíam cedo,
chegavam lá e faziam as trocas do que eles estavam levando, compravam os
gêneros que eles não tinham, que era o sal, açúcar e algumas outras coisas,
tecidos para o vestuário e voltavam. Então eles tinham que sair bem cedo pra
poder chegar antes do final do dia pra poder cuidar da criação que eles tinham,
das vacas, tirar leite e esse tipo de coisa. Então eles basicamente levavam um
dia pra ir e voltar do bairro Abranches hoje, colônia Abranches na época, até próximo
da catedral metropolitana, o centro de Curitiba, que seria a Praça Tiradentes,
mas na época o centro das atenções era o Largo da Ordem, que tinha outra
denominação, se não me engano era Praça do Pelourinho, ou alguma coisa nesse
sentido. Eu, quando moleque, lembro que ali tinha um bebedouro pra cavalo bem
na frente, no início do Largo da Ordem, eu lembro que ele era revestido em
pedra lateralmente e tinha um bebedouro de água ali. Tinha um cano que vinha
água do Alto São Francisco, onde a água caída ali dentro e servia de bebedouro
pros cavalos. Isso eu lembro de moleque. Mas se não me engano, ali era a Praça
do Pelourinho.
PE – Saindo do
Largo da Ordem, logo embaixo, na Praça Tiradentes, era onde era o Pelourinho...
na praça Generoso Marques ficava o antigo Mercado Municipal
TM – Sim, na Rua
Generoso Marques ficava o antigo Mercado Municipal. Esses dias eu tava lendo um
livro sobre a imigração síria e libanesa. É um livro que foi editado pela Sociedade
Sírio-libanês sobre a imigração deles para o Paraná, e nesse livro eles citavam
que as primeiras famílias, a família Takla, a família Karan, se estabeleceram
no mercado municipal com as primeiras lojas de tecidos. No final da reportagem
eles citam que o Mercado Municipal era onde hoje é a Praça Generoso Marques,
que era o Paço Municipal.
PE – Você
gostaria de acrescentar mais alguma coisa? Você tem alguma lembrança ou vivência
que envolva a Mateus Leme, ou a Estrada do Assungui?
TM – O que eu
consigo lembrar ainda da época eram algumas situações de criança. Por exemplo,
haviam duas vendas que funcionavam, que era a Mercearia da família Bremen, mais
ou menos ao lado do Posto de Gasolina, que era um Armazém de secos e molhados,
e um Armazém que era da família Pochani, que era onde hoje fica o bar Casa
Velha, bem em frente ao cemitério do Abranches. Então eram dois pontos de
encontro das pessoas que vinham fazer compras. Não só Almirante Tamandaré, Rio
Branco do Sul e outros que vinham pra Curitiba paravam pra comprar, pra não ir
até o centro da cidade, até a Praça Tiradentes. Eu lembro da quantidade de
carroças estacionadas, de cavalos, do odor dos cavalos e do pessoal. Havia o
lenheiro, que era o cara que chegava com carroça pra fornecer às panificadoras,
lenha pros fornos. Eu lembro que ele fazia duas viagens, pela manhã ele passava
muito cedo, carregado lenha, descarregava. Em torno de onze horas, meio dia,
ele já estava voltando. Ali por duas horas da tarde ele estava passando de
novo, e no final da tarde você via só os cavalos e a carroça voltando. Ele
tinha tomado todas e mais um pouco estava deitado dentro da carroça e os
cavalos íam pra casa sozinhos. Também tínhamos uma brincadeira de moleque. Onde
hoje fica o colégio Sebastião Saporski, na nossa época de moleque era uma casa abandonada,
velha, antiga, com sótão. A gente falava que ela era assombrada, e nós,
garotos, aproveitávamos isso pra ficar do outro lado da rua, no meio do mato
com um fio de nylon, uma camiseta grudada no fio, passando por cima de uma
árvore, esperando as pessoas descerem. Quando as pessoas desciam, a gente
puxava aquele fio, a camiseta subia, e a gente alimentava isso até que um dia
uma pessoa que era, na época, inspetor de quarteirão, não era nem polícia
militar, era inspetor, sacou o revólver e começou a atirar. Imagina um bando de
moleque levando mato, cerca de arame, tudo o que tinha pela frente e correndo.
Então são coisas que ficaram gravadas na mente. O próprio tanque do São
Lourenço, como era conhecido, divide a pedreira. Nós tínhamos duas pedreiras
ali onde é hoje o Parque das Pedreiras e a Ópera de Arame. Eram duas pedreiras
diferentes. A grande fazia parte da Prefeitura Municipal de Curitiba e onde é a
Ópera de Arame era da família Gava, que era meu avô. Eu sou uma mistura. Por
parte de mãe é italiano, que são os Gava, e por parte de pai, o Mickosz. Então
eu tenho 50% do sangue de cada. As histórias da própria pedreira, que na época
se dinamitava, que muita gente perdia os dedos, são coisas que ficaram na
história da gente, na memória.
PE – Outra coisa
que eu gostaria de perguntar, é a respeito da ponte do Taboão. Passando ela,
tem umas casinhas antigas. Tem uma entradinha à esquerda ali. Essa é a entrada
para a Colônia Gabriela?
TM – É, até
hoje. E ela começa ali, sobe até a igreja da Gabriela. Se você passar direto
ela vai sair exatamente no meio do bairro do Tanguá. Na frente dos Gasparin,
ali quando eu era moleque, era um abatedouro de gado, era um frigorífico, isso
é até complicado de se falar porque na época as coisas eram bem rudimentares.
Mas eu me lembro que naquela época, miúdos de boi, ninguém queria, era jogado
fora. Como ali tinha um abatedouro, via-se que eles abatiam os bois, se não me
engano, duas vezes por semana, terça e quinta-feira, via-se muita gente de
classe bem humilde descer com sacos de estopa da época, e voltavam com aquele
saco escorrendo sangue nas costas, porque como eles jogavam fora o bucho, a
língua, a rabada, o fígado, rins, esse pessoal ia lá e pegava de graça. Bem ali
na frente do Gasparin funcionou um frigorífico, um abatedouro, na verdade, bem
rudimentar e o descarte era tudo no Barigui.
PE – pode-se
dizer que aquela região ali era já a Colônia Gabriela?
TM – Sim. A
Colônia Gabriela começava exatamente ali, subia pelo lado esquerdo, terminando
exatamente na igreja da Gabriela, que era hoje está restaurada, é muito bonita.
PE – Aquela
região tem também, bem na esquina, uma casa rosa. Você lembra daquela casa
vermelha, rosada?
TM – Sim, do
lado do Gasparin.
PE – Eu li um
livro de um historiador de Almirante Tamandaré, você talvez conheça ele,
Antônio Kotoviski Filho. No livro dele eu vi uma foto antiga de uma mercearia na
esquina de uma rua que eu não lembro o nome, com a estrada do Assungui, que era
na entrada da Colônia Gabriela. Não era aquela casa ali?
TM – Não. Eu
lembro ainda da mercearia, no meu tempo de moleque ainda funcionava. Tem ali o
ferreiro. Terminando o ferreiro tem uma casa, encostada no ferreiro. Ali
funcionava a mercearia. Exatamente naquela casa. Era uma mercearia bem
esquisita, tinha uma porta de sala, que você entrava, era uma sala. Ali funcionava
a mercearia, eram as duas mulheres dos ferreiros que tocavam. Então os dois homens tinham a
ferraria, onde eu lembro que o pessoal levava cavalo pra ferrar ali por muito
tempo. Antes, tinha um moinho do Weigert, que até a roda d’água faz pouco tempo
que caiu. Ali no moinho do Weigert funcionava uma escola pública. Então havia o
moinho à direita, ai havia a casa deles de madeira, de comprido dava duas
salas. A dona Ruth Weigert era a esposa do dono do moinho, mantinha uma escola
aos moldes antigos: fileira de carteiras do primeiro ano, carteiras do segundo
ano. A matéria era dava tudo num quadro só em uma sala só. Ela tem até hoje, se
não me engano, uma creche que leva o nome dela, porque ela carregou todo o
pessoal da Colônia Gabriela e aquela região. Ela recebia minguados na época pra
dar aula e criar essa estrutura. Mas o filho dela, o Vilmar, quando ele estava
fazendo engenharia química, eu estava terminando na época a quarta série do
primário. Então você tinha o chamado exame de admissão, que ia pro quinto ano, e
o Vilmar dava aulas de reforço, onde eu ia fazer. Só que pra fazer as aulas,
nós passávamos por dentro do Barigui e íamos chupar uva no parreiral do pai
dele. Mas são coisas de moleque. Descendo o Barigui pelo meio dos eucaliptos,
na metade tinha um carreiro que a gente descia, tinha uma área bem limpa, onde
eram as antigas cavas, a molecada ia toda tomar banho lá. Eu brinco hoje com
meus netos que a gente não ia tomar banho de piscina, mas sim de rio.
PE – Outro dia
eu encontrei que um dos produtos fortes da Colônia Polonesa, eram as broas de
Centeio.
TM – Na verdade,
é o seguinte, todo imigrante polonês fazia sua broa. Qualquer casa que você
passasse tinha um forno feito do lado de fora, tanto é que não sei se você viu
no Meu Paraná no dia 24 de dezembro do ano passado saiu uma reportagem, e é a
minha mãe que está lá, fazendo pão no forno, só que a minha mãe nunca fez de
centeio. Mas minha avó fazia. Minha mãe herdou a receita, mas passou pra farinha
branca normal. O povo polonês não comprava pão. Ele fazia o pão. Até mesmo nas
casas mais antigas, você vai ver uma coberturazinha com um telhadinho e uma
coisa meio arredondada, que é o forno de assar pão. O processo era assim: você
faz fogo com lenha, e a hora que forma a brasa, eles puxam todo a brasa pra
fora e colocam uma tampa. Então, só se usa o calor que foi gerado ali no fogo.
Não fica fogo nenhum, assando só com esse calor. Existia até uma técnica pra
saber se estava bom ou não. Eu lembro que a minha mãe pegava palha de milho e
colocava. E ela tinha que contar até cinco pra incandescer a palha. Se pegasse
fogo, era porque estava muito forte, ia queimar o pão. Se demorasse demais, o
forno estava muito frio, não ia assar o pão. Então era uma tecnologia da época.
Não sei como o pessoal da Globo descobriu e eles quiseram fazer uma reportagem
sobre a panificação. Aí eles pegaram a panificadora América, que é a panificadora
mais antiga em atividade de Curitiba até hoje, de alemães, que está na terceira
ou quarta geração produzindo pães só dentro da família, e aí foram conversar
com a minha mãe se ela deixava filmar. Então ela fez, como ela faz todo santo
sábado, numa amassadeira de madeira, só na mão sem cilindro, nem nada. Foi
gravado, se não me engano, dia 25, 26 de novembro e foi ao ar dia 24 de
dezembro.
PE – Na última
entrevista que nós fizemos, a entrevistada falou que “vocês tem que lembrar que
aqui entes dos poloneses, tinham os alemães”.
TM – Não, os
alemães estão no jardim Schaffer, mais para o lado do Pilarzinho, mais pra
esquerda.
PE – Porque ela
comentou da panificação dos alemães ali na Rua João Gava, que havia uma
padaria...
TM – Não. A
primeira padaria que saiu era a América, na Rua do Rosário, se não me engano. É
a panificadora mais antiga de Curitiba, ela está com 96 anos de atividade, de
panificação, depois nós tivemos aqui no Jardim Schaffer. O Jardim Schafer todo era
uma Colônia Alemã. Então os alemães estavam situados próximos ao Largo da
Ordem, Jardim Schafer, Cajuru e um pouco pro lado do Campo Comprido. Esses
lugares se situa a colonização alemã. Só que com um detalhe: os alemães, por
serem considerados na época um povo mais desenvolvido, quase todos migraram pro
centro. Então a região da Riachuelo, os comércios eram predominantemente
alemães. Os comércios eram indústrias metalúrgicas, havia os Irmãos Mueller ali
no Shopping, na Riachuelo haviam duas ou três tornearias, ou alguma coisa nesse
sentido, que eram de alemães. Pena que com a Segunda Guerra grande parte ou
fugiu para o interior por medo e outros transferiram o comércio para o nome de
brasileiros pra não ter problemas. Só que a maioria que transferiu pegou
safados, ou seja, foi roubado. Então você pode observar que a maior parte da colonização
alemã estava em volta do Clube Concórdia, que fica na Rua do Rosário, e tinha o
Harmonia também, que fica na Princesa Isabel, perto da Igreja dos Passarinhos.
Eu não sei se ali é Bigorrilho, final do Batel, mas eu sei que fica na esquina
da Rua Princesa Isabel com a Bruno Filgueira. Então os alemães, na Primeira
Guerra, vieram via Paranaguá, de Paranaguá eles subiram de barco e maior parte
ficou naquela região que é chamada de Serra Negra. Então uma boa parte daquelas
áreas eram de alemães, depois eles foram subindo para Curitiba. Tanto é que na
entrada da Graciosa, tem um quadro enorme, aqueles carroções enormes. A
diferença entre a carroça do polonês, que é baixinha e a do alemão, que era
enorme, bem diferentes. Então na entrada da Graciosa tem um quadro da subida da
colonização alemã pela Serra da Graciosa. É um quadro bonito de se ver. Mas foi
feito em função da subida da região de Antonina, Guaraqueçaba, Serra Negra e
vinham para Curitiba. E aí começaram a se espalhar. Mas a maioria deles acabou
ficando próximo ao centro.
PE – Eles eram
mais urbanos.
TM – Eles eram
mais urbanos e mais industrializados. A Alemanha já estava em um processo
industrial bastante acentuado. Ai você tem o caso da Mueller Irmãos com a
posterior Metalúrgica Marumby, também alemã, e eu sei que na Rua Riachuelo tinham
duas ou três oficinas grandes para a época, de metalurgia, que eram de alemães.
E as da Riachuelo, pelo que eu li, não lembro em que historiador, é que com a
Segunda Guerra eles transferiram pra outro nome para o governo não confiscar,
como foi o caso da Sociedade Garibaldi. Ela foi prefeitura, um tempo antes do TRE
passar ali pra cima, onde hoje é o museu, ela também foi sede do TRE, uma época
foi sede do DOPS, na época da ditadura, e aí eu sei que ela voltou para os
italianos em 78, 80, por aí. Aí os alemães possuíam o Concórdia, o Harmonia...
eram só os dois, os dois principais eram o Concórdia e o Harmonia.
PE – Tarcisio, gostaríamos
de agradecer muito pelos dados interessantes e precisos que você tem.
TM – Obrigado.
(FINAL)
Um comentário:
parabéns tarcísio pelo verdadeiro depoimento, caramba , eu nunca imaginei que a loira fantasma fosse a margareth..
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