Considerações finais

A grande vantagem da categoria de paisagem cultural reside mesmo no seu caráter relacional e integrador de diferentes aspectos (...). É na possibilidade de valorização da integração entre material e imaterial, cultural e natural, entre outras, que reside a riqueza da abordagem do patrimônio através da paisagem cultural e é esse o aspecto que merece ser valorizado. [1]

A paisagem é um sistema complexo e dinâmico. É a síntese de uma determinada porção do espaço, em contínua mutação de uso e identidade, sendo o reflexo da relação entre o homem e o meio. Mais que um fato, é um processo. A paisagem urbana está em constante construção e reconstrução, e se revela uma nova paisagem a cada novo instante de vivência, de aproximação, de estudo. O processo de transformação da Estrada do Assungui, que passou de um caminho de carroças até se tornar um importante eixo comercial, fica traduzido pelos vestígios da paisagem urbana vivenciada. 

Notamos a força histórica do fluxo de imigrantes, especialmente os poloneses da colônia do Abranches e região, e a vitalidade de sua atual vocação como rua comercial. Percebemos ainda a relação desse caminho com um dos principais rios da cidade, o Rio Belém, que se reflete na presença de trechos com sensível caráter ambiental. Encontramos também uma rua cuja história se encontra amalgamada com a formação da cidade, notável por seu trajeto que se inicia no centro histórico, bem como seu papel relevante na circulação de pessoas e riquezas que consolidou o desenvolvimento urbano. 

 A narrativa proposta por esta pesquisa não esgota a descrição da paisagem cultural da antiga Estrada do Assungui. Construímos apenas um retrato que relembra sua história e traduz sua contemporaneidade, aspectos que somados podem indicar seu possível trajeto futuro. Quem a percorrer verá.

Nota:
[1] RIBEIRO, Rafael Winter. Paisagem cultural e patrimônio. Rio de Janeiro: IPHAN/COPEDOC, 2007. p. 111.

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